Thursday, March 27, 2014

Jaidosa

Gostaria de entender o tempo das árvores. Pode parecer estranho mas me parece a solução para essa angústia humana: o tempo de uma árvore.

Perto de onde nasci existe uma de 700 anos, queria conseguir olhar pra ela e perceber com intimidade toda sua idade... saber do quanto caminhou cada uma de suas raizes e conseguir dimensionar o números de folhas que ela já brotou, secou e precipitou. E essas folhas apodeceram, e voltaram para ela... Queria mesmo entendê-la.

E no dia que eu compreendesse esse tempo eu o colocaria ao lado do meu tempo. 

Acho que nesse dia eu sumiria em você e seriamos tão velozes que seriamos quase inertes... como as rodas de um carro que quando estão muito rápidas começam a parecer girar para trás. Acho que  seriamos como uma coisa só, sem rosto, cintilante, fixos ao seu redor, há 700 anos, olhando para ela.

Thursday, February 27, 2014

Um dia ela me disse
segue
e eu parei.

O som do seco da palavrah
revirou minha casa
e jogou pelo chão as roupas do armário
quebrou os pratos de louça
espalhou os livros
me atraiu ao chão
perdi o ar

Ao levantar-me percebi
você permaneceu altiva
sua casa impecável
e seu corpo em boa companhia




Wednesday, February 12, 2014

como pode doer menos
um NÃO bem dado
que esse
"não, muito obrigado..."
?
me
ia

ver
dade

inteira
mente

Monday, January 6, 2014

Feminista por acidente

Nasceu mentira pro censo pra aumentar a renda do bolsa família. Teve um pai orgulhoso de seu menino inventado. E foi esperado como nenhum outro garoto da vila.

Desobediente, veio mulher.

Alice

Entre o alicerçado e o aliciado.

Queria ser o "Se"

Ali ser o entre

suas pernas

A
baixo
de
seus
pés.


Thursday, January 2, 2014

A vida em 24 quadros: Coadjuvante

no compasso
subi a avenida

chutando o ar
parei na esquina

nas faixas enormes
intermitentes
desfila

Em um relacionamento sério com o samba

Com fones de ouvido
Caminha sozinha
mas o olhar denuncia
a companhia

Confete

Tem vezes que guardo uma pequena idéia para escrever pelos bolsos das roupas de trabalho.
 Esqueço e lavo. 
Sai a roupa salpicada de papelzinhos brancos... e eu perco em mim a poesia.